A Série O Grito Origens Carrega a mesma Essência dos Filmes?

A série O Grito Origens lançado em 2020 de fato se afasta da essência de toda franquia O Grito?

Qual é a essência dessa franquia iniciada em 2000?
A série pegou um ponto da franquia muito bem estabelecido nos primeiros filmes Ju-on (O Grito) que em suas sequências não foram tão bem exploradas, tirando algumas exceções como Ju-on: White Ghost, que é a maldição.

Se analisarmos a proposta inicial desde o primeiro filme, Ju-on é sobre maldições, um sentimento traumático tão forte após um acontecimento violento, e que gera maldição no local onde o assassinato ocorreu.
O Grito Origens deixa de canto Kayako e Toshio e nos mostra que o ponto principal de toda a franquia está em como um sentimento tão pesado antes da morte pode gerar uma energia negativa no local.
(Essa é uma ideia explorada pela maioria dos filmes de terror asiáticos, onde a morte injusta materializa a dor da vítima em uma energia de vingança personificada nos Yurei, "espírito").
Sabendo que o tema maldição é o alicerce das narrativas, os filmes da série O Grito não é sobre Kayako, mas sim sobre maldições, e a família de Kayako é apenas uma família entre outras milhares que passaram por um evento traumático dolorido que gerou uma maldição localizada.
Kayako é só uma ótica pelo qual o primeiro filme se desenvolve.

O Grito Origens pega a ideia da maldição e nos mostra novas histórias envolvendo esse sentimento, nos mostrando que não é apenas Kayako que passou por um evento traumático, outras famílias, assim como qualquer pessoa pode passar por uma situação de sofrimento, e não apenas essa série nos mostra esse tipo de perspectiva, mas quase todo o subgênero psicológico que o cinema de terror produz.
Um terror mais "real", mais próximo, um terror interno e não uma ameaça externa.

Claro que O Grito Origens não é perfeito, ele tem falhas, mas o ponto positivo pra mim é que ele conseguiu captar a ideia central que o primeiro filme O Grito propôs, que é a maldição que uma injustiça gera na sociedade, algo que o diretor Kiyoshi Kurosawa faz muito bem em seus filmes, as ideias que ele traz para o gênero terror é muito interessante, como vemos em Kairo (Pulse) 2001 e Cure (A Cura) 1997.

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