As Incríveis Pioneiras da Música Eletrônica

As mulheres que construíram e popularizaram a música eletrônica

A história da música eletrônica é irrevogavelmente feminina, a maioria dos pioneiros desse gênero são mulheres. Infelizmente, da mesma forma que essas musicistas foram importantes para o inicio da música eletrônica, também caíram no esquecimento.
Artistas como Daphne Oram, Delia Derbyshire e Suzanne Ciani são exemplos de que o "reconhecimento" não foi proporcional a importância que tiveram para a gênese desse estilo musical.

A primeira composição de uma música eletrônica feita por uma mulher foi no ano de 1938 (Music of the Spheres) com a artista Johanna Beyer. Mas apesar de sua tentativa inovadora e experimental de criar sua primeira música eletrônica, antes de 1938 Johanna já havia feito várias outras composições que eram amplamente utilizadas em apresentações. Mas isso não tirou a obscuridade que suas músicas tiveram diante do cenário musical da época, não tendo o mesmo reconhecimento que seus colegas, até hoje existem poucos estudos aprofundados sobre suas composições.
Composições essas que exploravam diversos instrumentos como piano, cordas, sopro, percussão.
Uma dessas outras músicas é Percussion Suite de 1938, uma composição atmosférica e "silenciosa".

"Beyer foi uma das primeiras compositoras a escrever para conjuntos de percussão e a experimentar música eletrônica. Ela estudou composição com Charles Seeger e Ruth Crawford, os quais influenciaram grande parte da música de Beyer com seu interesse pelo contraponto dissonante. Ao estudar com Henry Cowell na New School for Social Research, Beyer desenvolveu uma amizade com Cowell - que se revelou importante para ambos os compositores." - Library of Congress Blogs.

"Suas peças para conjunto de percussão são algumas das primeiras escritas para o gênero e possuem uma linguagem própria e distinta. Ela foi a primeira mulher a compor uma peça para instrumentos eletrônicos. Exemplos marcantes de minimalismo - um conceito que só surgiu duas décadas após sua morte - aparecem em obras para piano, quarteto de cordas e grandes conjuntos". Artigo: An Enduring Cycle: Revaluing the Life and Music of Johanna Beyer.

O que mais me fascina nas composições dessas artistas é a harmonia às vezes misteriosa às vezes sombria. Daphne Oram (a criadora da técnica Oramics de composição e a artista fundadora do estúdio da BBC especializado em criação de efeitos sonoros e músicas) diz em uma entrevista:
"No meu trabalho não estou preocupada em sintetizar sons orquestrais, temos orquestras excelentes para fazer esses sons. Meu interesse é fazer novos sons que sejam musicais." - Adorama.com
Mesmo pensamento expressado por Delia Derbyshire em uma entrevista, falando sobre a possibilidade de criar sons diferentes, algo até então nunca ouvido.

A composição Music of the Spheres de Johanna por exemplo, parece tema de algum filme de ficção científica. A música Episode Metallic de Daphne Oram é uma das melodias mais experimentais que ouvi, uma diversidade de sons tão incrível que deixa tudo enigmático e interessante.

Suzanni Ciani

Com Delia Derbyshire e posteriormente Suzanne Ciani, esse gênero começou a ganhar mais popularidade.
Suzanne teve seu interesse na área da música eletrônica na década de 70, num cenário em que os sintetizadores estavam aos poucos se tornando populares, o estilo "primitivo" de criação de música eletrônica iniciado por Daphne Oram e Delia Derbyshire já não era utilizado mais.
O primeiro contato próximo de Suzanne com esse estilo musical ocorreu após conhecer Don Buchla na universidade da Califórnia, onde estudava composição musical.
Buchla era o inventor do instrumento que carregava seu mesmo nome, no inicio dos anos 70, (ele já tinha projetado outros aparelhos anteriores dedicado a composição de músicas eletrônicas).
Ela foi uma das primeiras pessoas a utilizar esse instrumento.

"Falando sobre o próprio Buchla, Ciani disse: “Eu chamo Don Buchla de Leonardo Da Vinci do design de instrumentos”. Ela rapidamente começou a trabalhar para a empresa como uma devota total ao instrumento enquanto estudava. Em um estúdio alugado perto de sua faculdade, Ciani pagava US$ 5 por visita para tocar o instrumento, começando a criar seu próprio som único." - Faroutmagazine.com

Com sua popularidade crescendo devido as suas apresentações ao vivo tocando o instrumento Buchla, e recebendo pedidos dos companheiros que trabalhavam com ela na empresa de Buchla para dar aulas para eles, a primeira aula foi realizada. Mas Buchla tomou a decisão de tirar Suzanne das aulas, dizendo a ela que não queria mais mulheres nas turmas. Mesmo ela sendo a única mulher presente na classe. (Talvez incomodado com o sucesso que ela estava fazendo devido ao talento musical com seus instrumentos).
Suzanne deixou a empresa de Buchla em 1978 e seguiu carreira independente, e após sua saída, lançou seu primeiro álbum intitulado "Voices of Packaged Souls". E apesar do álbum ter sido um dos primeiros trabalhos eletrônicos utilizando sintetizadores, ele carrega a mesma energia e estilo das primeiras composições feitas anos atrás por Daphne, Delia e Maddalena, composições que carregam um ar de mistério e uma sensação de "como se fosse uma cultura de uma época tentando imaginar o futuro", quase que uma música vinda de outro mundo.

Apaixonada pelo instrumento Buchla, na qual as criações são muito mais artesanais, Suzanne em algumas entrevistas disse que não tem tanto interesse em se abrir a facilidade e tecnologia do MIDI, que é uma tecnologia em que um instrumento pode se conectar e comunicar-se com um computador.
Você por exemplo pode instalar um teclado em um computador e compor músicas com a possibilidade de diversos timbres diferentes. Mas Suzanne prefere se manter no Buchla e mostrar a seu público todas as possibilidade que se pode tirar desse instrumento, que não possui teclados. Ela até disse que ficou por dez anos sem tocar um piano.

"Agora que voltei à eletrônica depois de todos esses anos, percebi que nem tudo avançou. O MIDI meio que causou um curto-circuito no pensamento sobre o que essas máquinas poderiam fazer. Nunca fui fã de MIDI."
"...era tudo teclado e tudo baseado em timbres.". - Entrevista para Red Bull Music Academy Daily.

Suzanne foi responsável por criar jingles e efeitos sonoros para grandes marcas, como a vinheta do canal americano ABC e o som da Coca-Cola, onde uma garrafa de vidro é aberta e despejada em um copo.
E o mais incrível, em 1979 ela produziu os efeitos sonoros do jogo Pinball Xenon, uma máquina de pinball que seria lançada em 1980. Ela também colocou sua voz no jogo através do aparelho Vocoder, um instrumento que sintetiza a voz humana.
Um fato interessante, e que mostra que Suzanne, mesmo já tendo produzido diversos trabalhos, ainda não era reconhecida como deveria, é que Todd Tuckey, proprietário da TNT Amusements Inc. (uma famosa empresa de máquinas de pinball e jogos de arcade) da Pensilvânia,  aparece em dois vídeos falando sobre as características técnicas da máquina de pinball Xenon de 1980. E enquanto Tuckey conta detalhes e curiosidades da máquina, ele diz:
"Este jogo usava mais palavras do que qualquer jogo da época. Primeiro jogo com voz feminina também. Pelo que entendi, foi uma secretária da empresa Bally quem deu voz a isso."
Apesar de todo conhecimento técnico de Tuckey sobre a máquina de Pinball Xenon, ele estava enganado ao dizer que foi uma secretária da Bally quem deu a voz, pelo contrário, foi a grande compositora eletrônica Suzanne Ciani, que não apenas colocou sua voz no jogo, mas também criou todos os efeitos sonoros.

No artigo, "Multiball and Multiplicity: Suzanne Ciani and The Voice of Xenon", se faz uma analogia interessante. Fala sobre o encontro que Suzanne teve durante seus estudos no instituo MIT, onde presenciou um professor que estava tentando reproduzir de forma digital os sons do violino, e como isso representaria seu trabalho anos depois em que transportaria sua própria voz de forma digital para um fliperama:

"Em 1968, Ciani encontrou um professor (não identificado) em uma de suas aulas no MIT que gastou todo o orçamento de física tentando sintetizar o som de um violino, separando seus diferentes elementos e reconstruindo-os em um computador. Ela credita esse encontro como um momento importante em que ela passou da composição acústica para as preocupações eletrônicas, o pivô que definiu o trabalho de sua vida. Gostaria de imaginar que esse momento presenciado por Ciani não seja diferente em seu trabalho em Xenon em 1980. Sua voz sendo usada de forma digital como foi para ela assistir a um violino ser reconstruído eletro acusticamente em 1968.
Seu trabalho não apenas foi marcado pela construção de uma paleta sonora, mas uma ordem social quebrada. “Todas as vozes são minhas”, diz ela, “exceto uma voz de abertura do jogo que alguém em Bally adicionou." Essa voz de abertura aparece logo quando a bola é lançada. É uma voz masculina. Ironicamente, não há informações sobre de quem é esta voz, no entanto, ela vai ao encontro da ameaça que Ciani levanta. Adicionar inexplicavelmente uma voz masculina no começo, afirma talvez a estranheza e incômodo que a voz de Ciani apresenta, aquela que Tuckey disse ser apenas uma secretária sem rosto."

Suzanne disse para à NME (Revista New Musical Expressa) por que se sentiu atraída pelo gênero. “Acho que para as mulheres, (a música eletrônica) nos deu independência. Estudei composição clássica, regência, tudo, e era um mundo de homens - e ainda hoje é. Mas na música eletrônica, você poderia fazer tudo sozinho. Foi isso que atraiu as mulheres. Esta é uma história de intimidade, de certa forma, com essas máquinas.”
“Penso na música eletrônica em termos muito femininos. Grande parte da minha inspiração é o mar e o ritmo do oceano. Esse é um ritmo que é lento, e [com sintetizadores] aqueles sons longos e sustentados são possíveis... Eu vejo a música eletrônica como fluindo...”

Da mesma forma que as outras pioneiras foram importante para popularizar músicas feitas totalmente de forma eletrônica, Suzanne Ciani foi também uma importante pioneira na popularização dos sintetizadores. Talvez se ela não tivesse tido seu contato com o instrumento Buchla e seu esforço para popularizar esse estilo musical, a história dos sintetizadores poderia ter sido diferente.


Daphne Oram

Daphne fundou o BBC Radiophonic Workshop em 1958 (estúdio de efeitos sonoros da BBC, local em que Delia Derbyshire trabalhará e criará o tema para a série Dr. Who).
Oram também trabalhou na trilha do filme de suspense Os Inocentes de 1961 e efeitos de sons para a produção Prometheus Unbound (1957). E criou a técnica Oramics em 1957, e em 1962 a máquina foi desenvolvida, uma forma de criar sons através de desenhos.
São feitos desenhos geométricos em tiras de filme de 35 mm e essas imagens se transformam em som pela máquina.

"A máquina Oramics permitiu à Daphne Oram sintetizar e sequenciar o som pintando linhas e outras marcas em vidro e tiras de filme. Oram a inventou como um novo meio de expressão musical, que lhe permitiu controlar e variar sons com precisão, de maneiras que iam além das capacidades da fita de áudio." - Daphneoram.org

Daphne querendo que a música eletrônica fosse reconhecida, sabendo das possibilidades que os sons eletrônicos poderiam proporcionar, ela pedia para a BBC criar uma instalação dedicada para a criação de músicas eletrônicas.
Após uma viagem aos estúdios RTF em Paris, ela começou a fazer campanha para que a BBC fornecesse instalações de música eletrônica para a composição de sons e músicas, utilizando técnicas de música eletrônica e música concreta, para uso em sua programação. Em 1956, ela fez uma proposta em um workshop dedicado aos gerentes da BBC.
Com o estúdio criado, na década de 1950, ela foi promovida a gerente do estúdio musical

"Em 1957, Oram foi contratada para compor música para a peça Amphitryon 38. Ela criou esta peça usando um oscilador de onda senoidal, um gravador e alguns filtros projetados por ela mesma, produzindo assim a primeira partitura totalmente eletrônica na história da BBC. Junto com seu colega músico eletrônico e colega da BBC, Desmond Briscoe, ela começou a receber encomendas para muitos outros trabalhos, incluindo uma produção significativa de All That Fall (1957), de Samuel Beckett." - Daphneoram.org

Com o sucesso de suas músicas e os crescentes pedidos de composições eletrônicas, a BBC lhe ajudou a criar o BBC Radiophonic Workshop, se tornando a primeira gerente do estúdio.
Oram trabalhou apenas por seis meses após a abertura do Workshop. Ela decidiu sair e para criar seu próprio estúdio independente, pois se sentia limitada no estúdio devido a sua grande criatividade e interesse de inovar.
Mas apesar de sua saída, o estúdio ainda contaria com a presença de Delia Derbyshire e Maddalena Fagandini.

"Fagandini entrou no estúdio em 1959 e contribuiu para obras importantes como Orfeu (1961). Mas foi uma peça curta de 1960, usada como sinal de intervalo de televisão, que serviu de base para um sucesso comercial conhecido como Time Beat. Este foi lançado por George Martin pré-Beatles e foi atribuído à uma pessoa masculina de nome 'Ray Cathode', pseudônimo para a própria Maddalena.
Em um programa da BBC Four, The Alchemists of Sound (2003), Fagandini e Mark Ayres discutiram o enigmático 'criador' do Time Beat.
Como diz Fagandini, a ausência de seu nome no lançamento de Time Beat estava de acordo com a política da BBC na época. Durante grande parte da década de 1960, a equipe do BBC Radiophonic Workshop não recebeu créditos individuais. Esta política foi estendida à funcionária mais famosa da Oficina, Delia Derbyshire." - BBC.com

Maddalena deixou o Workshop em 1966, após a introdução dos sintetizadores, para se tornar produtora e diretora de televisão.

A queda da BBC Radiophinic Workshop

No inicio dos anos 70, com o advento dos sintetizadores, os pioneiros do estúdio como Daphne Oram, Delia Derbyshire, Maddalena Fagandini e David Cain, vendo que suas técnicas de produção já não estavam mais sendo utilizadas, e não querendo migrar para a nova tecnologia dos sintetizadores, saíram do estúdio e o mesmo foi fechado em 1998.

David Cain, que trabalhou no estúdio de 1967 a 1973, disse em uma entrevista para o filme The Alchemists of Sound de 2003 sobre o fim dessa era inicial da música eletrônica:
"Chega um momento em que a tecnologia se aproxima cada vez mais dá imaginação e criatividade do escritor e, no final, se não tomar cuidado, ela ultrapassa. Agora, nesse momento, a maquinaria está a impulsionar a criatividade, e a criatividade não está a impulsionar a maquinaria. E talvez seja ai que a era de ouro pare."

Peter Howell, um dos artistas que seguiu carreira com a nova tecnologia dos sintetizadores disse:
"Ainda prevalece a ideia de que éramos de alguma forma quase traidores por usar equipamentos modernos. Algumas pessoas ainda acreditam que a Oficina original, praticamente sem equipamento, foi a única encarnação que importou. Mas estávamos lá para fazer um trabalho. Com o Fairlight (sintetizador digital) pude tocar algo ao vivo, em tempo real; por que eu deveria passar três semanas cortando pequenos pedaços de fita para obter exatamente o mesmo resultado? Tivemos que acompanhar o mundo real – caso contrário, nunca justificaríamos o tempo e o custo."

Infelizmente essa corrida por cada vez mais produções e criações em curto prazo, para acatar a demanda, mesmo que muitos digam que não, como David falou, tira do artista a criatividade e o coloca em modo automático.
Mas não podemos negar que a tecnologia dos sintetizadores abriu novas possibilidades à música eletrônica e deu oportunidade para outros artistas. E seria importante para a carreira de Suzanne Ciani.


Delia Derbyshire

Delia foi uma importante pioneira nesse gênero, demostrava talento desde pequena, ganhou um piano aos oito anos, o que foi importante para despertar desde pequena seu gosto musical que influenciaria sua carreira quando adulta. Antes de sua formação musical, ela estudou matemática na universidade de Cambridge.
Ela trabalhou na BBC Radiophonic, estúdio criado por Daphne Oram, e sua peça mais popular é o tema que fez para a série Dr. Who. (Um dos primeiros temas feitos totalmente de sons eletrônicos).

Assim como as outras musicistas nesse gênero, suas composições eram bastante variadas com diversas misturas de sons, de fato algo bem experimental. Músicas essas que carregavam uma atmosfera assustadora, relaxantes e em alguns momentos até algo meio "alienígena", como a música Ziwzih Ziwzih OO-OO-OO.
Delia também compôs uma versão da música Air de J.S Bach, uma versão bastante bonita e pacífica. Minha música preferida dela.
Após não ser aceita pela gravadora Decca Records, e passando uma época dando aulas de piano e matemática, em 1960 conseguiu entrar no estúdio BBC Radiophonic.
Além do famoso tema de Dr. Who, Delia também compôs músicas para diversos programas da BBC, Como Blue Veils and Golden Sands e The Delian Mode.

"Todas as suas paisagens sonoras organizadas foram feitas à mão. Em meados dos anos 70, ela deixou a música com a introdução do sintetizador; mesmo que sua música fosse robótica, parecia humana, e o sintetizador removeu um certo nível de conectividade no centro de suas faixas. Para produzir os sons que Derbyshire desejava, ela literalmente cortava a fita e colava-a novamente em uma ordem nova e inventiva." - NPR.org

Uma das criações mais experimentais e únicas de Delia são suas composições para uma série de programa de rádio da BBC composto por quatro episódios, em que cada programa era centrado em um tema e contava com testemunho de várias pessoas narrando suas opiniões sobre cada tema.
E um desses programas foi sua gravação chamada "Falling, from the Dreams", em parceria com Barry Bermange, em que ambos narravam os sonhos das pessoas, separados e emendados de acordo com cada tema. E as narrações eram descritas paralelamente à sons ambientes feitos por Delia para transportar o ouvinte para aqueles mundos fantasiosos.



A seguir listarei outras duas grandes pioneiras na música eletrônica, o número de artistas é grande e não daria para detalhar sobre todas elas.

Bebe Barron
Junto de seu marido Louis, Bebe Barron criou a primeira trilha sonora totalmente eletrônica para um filme comercial, o filme da empresa MGM, Forbidden Planet de 1956, era uma história de ficção científica e, curiosamente, a técnica da música eletrônica casa-se perfeitamente com filmes de ficção científica, seus sons quase que "estranhos" (principalmente para a época) dão uma sensação de algo alienígena. Assim foi o tema do filme Forbidden Planet, uma trilha misteriosa e singular.
Os dois receberam de presente de casamento um gravador que usava fita plástica magnetizada, de onde criavam os sons. Dai surgiu o interesse dos dois pela manipulação desses sons para criarem suas próprias composições.

"Não sei como funcionamos sob tanta liberdade... realmente não sei. Não havia regras nem história da música eletrônica até então”, disse Bebe em entrevista em 1997. Ao longo das décadas de 1950 e 60, ela continuou compondo para cinema experimental e filmes de arte, gravou fitas com John Cage e é considerada uma das pessoas mais influentes na história da trilha sonora de filmes." - Adorama.com

Glynis Jones
Com o surgimento dos sintetizados no começo dos anos 70 e a saída de grandes artistas do estúdio como Daphne Oram, Delia Darbyshire e Maddalena Fagandini, novos artistas surgiram nessa transição utilizando esses novos equipamentos, entre elas Glynis Jones em 1973.
Pesquisando sobre todas essas pioneiras na música eletrônica, o que mais admiro é o forte interesse em explorar novas possibilidades de sons e deles criar músicas totalmente únicas.
Assim foi dito por Daphne Oram e Delia Darbyshire, e assim vejo em todas essas artistas, o fascínio no ato de criar e descobrir novos tipos de sons.
Com Glynis não foi diferente, ela trabalhava experimentando sons, emendando e distorcendo loops de fitas e usando computadores para reproduzir sons inusitados na composições de suas músicas.
Em 1976 ela produziu o álbum Out of This World, (o que me faz pensar novamente em como esse início da música eletrônica carregava não só à sensação de estar mergulhando em um novo mundo musical, mas também em como esse estilo ligava-se fortemente com a ficção científica).
Esse álbum incluía composições de diversos membros do estúdio BBC Radiophonic Workshop, incluindo a própria Glynis.

Estou muito feliz em ter conhecido e compartilhado com você esse mundo inicial da música eletrônica, e como tantas artistas incríveis foram importantes para a construção e popularização desse gênero.


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