O último jogo da Argonaut - Malice (PS2 e Xbox)


Argonaut foi uma empresa fundada em 1982 pelo jovem de apenas 16 anos Jez San, também responsável pela criação do chip Super FX do Snes que deu origem ao Star Fox.
Sempre é inspiratório para mim pessoas que começam desde cedo a construir seus projetos, ou pelo menos ter uma convicção do que deseja conquistar, Jez San com 16 ano já tinha nomeado sua própria empresa e o tipo de trabalho que iria investir, e com 20 anos tendo seu jogo Starglider sendo lançado para Atari ST e conseguindo um bom reconhecimento, dessa forma em seguida sendo contratado pela Nintendo para desenvolver o jogo "X" de 1992 para o Game Boy Advance.
Tudo caminhava para que a Argonaut fosse uma das melhores desenvolvedoras de jogos, e estivesse até hoje no mercado, com o jovem e prodígio Jez San.
Mas infelizmente com o passar do tempo, especificamente a partir dos anos 2000, ela foi se declinando cada vez mais, e os problemas que surgiram a Argonaut acabaram afetando automaticamente suas subsidiárias Morpheme e Just Add Monster, (essa última vindo a se tornar a Ninja Theory de hoje em dia).
Apesar de ser uma empresa pouco conhecida, lembrada mais por ter tido essa parceria com a Nintendo, ela desenvolveu alguns jogos muito bons, entre eles Alien: Resurrection (PS1), I-Ninja (PS2,Xbox, GC), SWAT: Global Strike Team (PS2, Xbox), Powerdrome (PS2, Xbox), e a série Croc para PS1, um jogo de plataforma 3D onde controlamos um pequeno crocodilo, esse game serviu de base para o desenvolvimento de Malice que estava sendo projetado para o PS1 em 1999, mas devido a proximidade da nova geração, Malice foi cancelado e portado para o PS2 e Xbox.
Nessas épocas de transições é normal muitas ideias serem refeitas para uma nova geração que se aproxima, e alguns projetos infelizmente acabam sendo cancelados.
Foi um processo transitório semelhante ao que aconteceu com Ico, onde o mesmo também seria lançado para o PS1, mas acabou ganhando vida na plataforma posterior. Quando um jogo passa por um transcurso muito longo de desenvolvimento, principalmente quando ocorre esses portes para uma nova plataforma, as mudanças que o game sofre na maioria das vezes são várias, em muitos casos se tornam praticamente outros jogos.
Assim sucedeu com Malice, a versão final que foi lançada em 2004 se difere muito da versão original cancelada, nesse jogo a personagem se chamaria Alice, e obviamente o roteiro sofreu alterações.
O trailer para o PS1 apresenta muitos detalhes não inseridos da versão que temos hoje, como por exemplo a possibilidade de se controlar uma espécie de gato, novos cenários, habilidades e inimigos, tudo isso devido aos problemas financeiros que a Argonaut estava vivendo em 2004 e a pressão para o jogo ser lançado, fizeram o título se torar muito reduzido da ideia inicial.





Essas são algumas imagens da versão cancelada de PS1, feito no mesmo motor gráfico de Croc, não posso afirmar se essa versão de Malice fosse lançada para o PS1 teria o sucesso e reconhecimento merecido, o fato é que ele seria um dos grandes games de plataforma do vídeo-game da Sony, isso não tenho dúvida, a quantidade de conteúdo que estava sendo colocado no jogo era enorme comparada a versão final, que infelizmente foi esquecida pela maioria dos jogadores.

Malice é uma deusa que acaba sendo morta por Dog God, o vilão do jogo, que possui como seus servos um exército de corvos, após chegar ao submundo e se encontrar com a morte, ela é trazida de volta a vida, onde Malice parte em busca do "deus cão" para derrotá-lo tendo a ajuda de um grande relógio, que é o guardião daquele universo, para poder livrar o seu mundo das garras do grande cachorro. Para isso ela precisa encontrar oito chaves que farão ela chegar até o vilão, e no decorrer das fases ela vai adquirindo novas habilidades para poder derrotar os chefes, e facilitar a jornada contra os corvos. A dificuldade do jogo é baixa, os poderes que adquirimos não são essenciais para completar o jogo, e no final fica aquela sensação de que o jogo poderia ter sido mais longo, mesmo assim eu achei o jogo ótimo.
Eu gostei muito da personagem Malice, achei ela muito divertida, tive uma experiência legal com esse jogo, como um fan do estilo aventura e plataforma, foi um título muito bom para mim.
Após o cancelamento da versão de PS1, o objetivo seria lançar o jogo primeiramente para o Xbox, foi produzido uma tech demo do game, nele vemos dois detalhes que não estiveram no título final, como a possibilidade de transformar a sua arma em uma espécie de rolete, e uma pequena animação em que o robô de Malice faz após ser ativado, isso no jogo final não existe, após a ativação ele simplesmente se desmonta em pedaços. Na parte da dublagem, a cantora americana Gwen Stefani seria a voz de Malice, a proposta inicial seria colocar as músicas de sua banda chamada No Doubt, mas entraram em acorda para ela se tornar a personagem do jogo, ela já havia gravado as vozes para a personagem nas primeiras versões para o Xbox e PS2, lá em 2002, mas a sua voz acabou não fazendo parte da versão final, acabaram trocando de dubladora.
E novamente o jogo foi atrasado e só foi lançado em 2004 para PS2 e Xbox.


Acima são alguns trailer da versão de 2002, com músicas de Gwen Stefani, no título final a trilha sonora do jogo infelizmente não teve músicas tão memoráveis, pela pressão que estavam tendo pra lançar o game, e pela quebra de contrato com alguns dos compositores que haviam projetado as músicas das primeiras versões, no final como uma forma de corrida contra o tempo, não teve uma atenção tão especial com as faixas musicais, seria muito bom ter as músicas de Gwen Stefani no jogo, o estilo rock daria um brilho a mais ao game e combinaria bem com a personalidade forte de Malice.
Abaixo é a versão demo para o Xbox.







O vídeo acima é um comercial de lançamento para o PS2 e Xbox, um tanto curioso e diferente, levando em consideração que o jogo era destinado a crianças, mas compreensível já que a ideia do jogo seria justamente ser uma espécie de conto infantil de forma sombria, como uma distorção das clássicas histórias infantis.
Apesar de ter sofrido todas essas mudanças, desde o desenvolvimento para o PS1 em 1999, passando pelo Xbox em 2000, e sendo lançado apenas em 2004, o jogo é muito bom e conseguiu me divertir bastante, pois mesmo sabendo que ele tinha um potencial muito maior do que foi, me sinto feliz de saber que ele foi lançado e não cancelado como tantos outros, pelo menos aqui apesar de todos os problemas no desenvolvimento, podemos sentir um pouco da experiência que seria da versão original.





Essa é a versão final lançada para PS2, o jogo passou por tantos atrasos e adiamentos, que apesar de todo o conteúdo retirado do projeto original, ainda assim é um jogo muito divertido e fico feliz por ter sido lançado, me alegra saber que pude ter a oportunidade de jogar esse jogo, e não foi cancelado como muitos outros títulos, que se perderam pra sempre, pelo menos com Malice podemos experimentar um pouco da obra que a Argonaut estava produzindo para o PS1, foi o último jogo lançado por essa empresa, que começou tão promissora com Jez San formando o estúdio com apenas 16 anos de idade, por terem sido responsáveis pela criação do chip Super FX, mas por problemas financeiros, precisou sair do mercado, ela é mais uma empresa com potencial que fecha as portas.
Malice foi a última obra de Jez San, e que apesar de toda a dificuldade para ser lançado, e não ter trazido o retorno financeiro que mereciam, se tornou uma das pérolas do PS2 e Xbox, um jogo pouco lembrado, mas que marcou a vida de algumas pessoas que jogaram na época, e que hoje ao se recordarem dele, volta as lembranças da infância, que esse jogo proporcionou.
Alguns jogos se tornam importantes para nós, marcam momentos de nossa vida, Malice é um desses games que me marcaram e que me trouxe muita alegria, e fico feliz pela oportunidade de tê-lo jogado.

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